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terça-feira, 20 de maio de 2014

POEMA À CIDADE


A cidade irá permanecer depois da minha morte:
irá permanecer em metamorfoses de claridade,
o céu esvanecendo a reminiscência duma elipse
num sentimento ainda vago pelas ausências.
 .
Cumprirá a norma habitual das regras eruditas,
a de exercer a utopia num casulo de teias indeléveis
só perceptíveis nas mais ocultas noites
onde os sonhos abusam dos olhos comovidos.

 -
Irá permanecer nas vielas duma probabilidade
insondável, de mistérios irrevelados,
insolúveis, mas destros de memórias
doutros tempos, do tempo ausente, de ontem.

 º
Irá permanecer com a mesma célere inconsciência
de raízes demoradas sobre a terra, na solidão dos dias
e irá até ao limite a luminescência da noite
flutuando sobre o infinito de outras vidas interinas.

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